CIÊNCIA E FÉ SÃO
EXCLUDENTES?
Não. Elas apenas operam em dois planos
distintos, que, até o século XX, eram vistos como complementares. “Fé e razão são duas asas pelas quais o
entendimento alça voos em busca da verdade”, diz dom Dimas, citando uma
passagem da encíclica Fides et ratio (
Fé e razão ), de João Paulo II. “A
fé sem a ciência é ingênua”, diz. “E
a ciência sem a fé, muito fria e desumana.”
Enquanto
a ciência avança pelas planícies da razão, a fé busca eliminar os desfiladeiros
do mito. Karen deixa essa fronteira clara numa das mais belas passagens de seu
livro, quando diz que a ciência pode
diagnosticar o câncer – e até mesmo curá-lo - , mas não pode ajudar na
consternação causada pelo diagnóstico nem ensinar a morrer bem. Para Karen,
desvendar a origem do Universo não é papel da religião, e sim da ciência. A
missão da religião seria nos ajudar a lidar com os aspectos da vida para os quais
raramente estamos preparados, como a morte. “Como espécie, caímos facilmente em desespero se não conseguimos
enxergar algum tipo de significado em nossa existência. A religião enfrenta
questões que não podem ser resolvidas de uma vez por todas”, escreve Karen. É a
essa magnífica e penosa tarefa que chamamos fé. O resto é razão.
GANDRA, José Ruy. Em nome de Deus.
Época. São Paulo, n.605, p. 98. 21 dez. 2009.
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