MANIFESTO
DE PRAGA
Do movimento pela
Língua Internacional Esperanto
(Por ocasião do
81° Congresso Universal de Esperanto em Praga em 1996).
O Manifesto de
Praga é um documento que visa sintetizar as posições comuns dos
esperantistas,
apresentado para discussão em 1996 no 81° congresso mundial de Esperanto, em
Praga. O seu principal autor foi Mark
Fettes.
Segundo o próprio
manifesto, trata-se de uma declaração de "membros do movimento global pelo
progresso do Esperanto" e direciona-se a "todos os governos,
organizações internacionais e pessoas de boa vontade".
O manifesto tem a
intenção de apresentar os objetivos do movimento esperantista, atentando para
as vantagens do Esperanto a partir dos sete pontos de vista a
seguir:
• Democracia
• Educação
transnacional
• Eficácia
pedagógica
• Multilinguismo
• Direitos
linguísticos
• Diversidade
linguística
• Emancipação do
ser humano
Pode-se tratá-lo
como uma atualização da Declaração de Boulogne-sur-Mer, assinada
no primeiro congresso mundial de Esperanto:
Manifesto de Praga
Nós, membros do
movimento internacional para a promoção do Esperanto, dirigimos este manifesto
a todos os governos, a todas as organizações internacionais e a todos os homens
de boa vontade, afirmando a nossa intenção em continuar a trabalhar, de forma
empenhada, para a prossecução dos objetivos explanados neste documento, e
convidamos todo e qualquer indivíduo ou organização a unir-se aos nossos
esforços.
Apresentado, em
1887, como projeto de língua internacional, o Esperanto desenvolveu-se
rapidamente, tornando-se um idioma pujante e expressivo, que funciona há mais
de cem anos, unindo as pessoas e ajudando-as a transpor barreiras linguísticas
e culturais. Com o passar do tempo, os objetivos dos esperantistas não perderam
importância nem atualidade. É provável que nem a globalização desta ou daquela
língua nacional, nem as novas tecnologias de comunicação, nem a adoção de novos
métodos de ensino de línguas sejam de molde a garantir os princípios que
passamos a expor, essenciais, a nosso ver, para a manutenção de uma ordem
linguística justa e eficaz.
Democracia
Um sistema de
comunicação que privilegia de forma permanente algumas pessoas, mas exige de
outras, durante anos a fio, esforços aturados para alcançarem uma capacidade de
comunicação inferior, é, na sua essência, antidemocrático. O Esperanto, sem ser
perfeito, supera qualquer concorrente no âmbito da comunicação global em igualdade
de circunstâncias e oportunidades.
Entendemos que a
desigualdade linguística acarreta desigualdades de comunicação a todos os
níveis, inclusivamente a nível internacional. Somos um movimento em prol
da comunicação democrática.
Educação transnacional
Não há nenhuma
língua étnica que não esteja ligada a determinada cultura e a determinada nação
ou conjunto de nações. Por exemplo, quem estuda inglês, trava conhecimento com
a cultura, geografia e política dos países anglófonos, principalmente dos
Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Quem estuda Esperanto, trava conhecimento com
um mundo sem fronteiras, no qual nenhum país é estrangeiro.
Entendemos que a
educação transmitida por meio de uma língua étnica está necessariamente ligada
a determinada perspectiva sobre o mundo. Somos um movimento em prol
da educação transnacional.
Eficácia pedagógica
Só uma pequena
percentagem dos que estudam uma língua estrangeira são capazes de dominá-la. Em
relação ao Esperanto, verifica-se que até os autodidatas conseguem adquirir um
bom domínio do idioma. Há vários estudos que sublinham seus efeitos
propedêuticos na aprendizagem de línguas estrangeiras. O Esperanto também é
recomendado como disciplina nuclear nos cursos de sensibilização linguística.
Entendemos que as
dificuldades das línguas étnicas constituem um obstáculo permanente para muitos
estudantes, embora estes pudessem usufruir bastante do conhecimento de uma
segunda língua. Somos um movimento em prol de um ensino
de línguas eficaz.
Multilinguismo
Os esperantistas
constituem uma comunidade linguística de âmbito mundial, uma das poucas cujos
membros, sem exceção, falam, no mínimo, duas línguas. Todos os membros desta
comunidade aprendem, de bom grado, pelo menos uma língua estrangeira, e
fazem-no de forma a conseguir utilizá-la a nível coloquial. Como consequência,
muitos deles ganham afeição a várias línguas, chegam a aprendê-las, e alargam
sobremaneira o seu universo pessoal.
Entendemos que se
deve proporcionar a toda a gente, independentemente da importância da sua
língua materna, uma oportunidade real para dominar uma segunda língua, de forma
a conseguir comunicar ao mais alto nível. Somos um movimento que
visa proporcionar esta oportunidade.
Direitos linguísticos
Entre as várias
línguas verificam-se desigualdades na repartição de poderes, as quais
constituem fonte de constante insegurança linguística, ou mesmo opressão
linguística, para grande parte da população mundial. No seio da comunidade
esperantista, todos se encontram em plano de igualdade, independentemente da
importância ou do estatuto oficial das respectivas línguas maternas, graças ao
desejo recíproco de estabelecer compromissos.
Este equilíbrio entre direitos e
responsabilidades linguísticas constitui um precedente na procura e discussão
de soluções para as desigualdades e conflitos linguísticos.
Entendemos que as
desigualdades na repartição de poderes entre as várias línguas destroem
lentamente as garantias, exaradas em tantos documentos internacionais, de
igualdade de oportunidades para todos, independentemente das respectivas
línguas maternas. Somos um movimento em prol dos direitos
linguísticos.
Diversidade linguística
De modo geral, os
governos consideram que a diversidade linguística constitui um obstáculo à
comunicação e ao desenvolvimento. Os esperantistas, pelo contrário, creem que
essa diversidade é uma fonte de riqueza constante e inesgotável. Por
conseguinte, qualquer língua, tal como qualquer espécie de ser vivo,
dado o seu valor intrínseco, deve ser protegida e apoiada.
Entendemos que a
política de comunicação e desenvolvimento, se não estiver alicerçada no
respeito e no apoio a todas as línguas, constitui uma sentença de morte para a
maior parte das línguas do planeta. Somos um movimento em prol da
diversidade linguística.
Emancipação do ser humano
Qualquer língua,
na medida em que dá aos seus falantes a possibilidade de comunicarem entre si,
impedindo-os de comunicarem com os outros, é simultaneamente uma libertação e
uma prisão. O Esperanto, concebido como meio de comunicação universal, é um dos
grandes projetos de emancipação do ser humano que passaram à prática. Trata-se
de um projeto que permite a qualquer pessoa participar como indivíduo na
comunidade humana, mantendo-se arraigado à sua identidade cultural e
linguística, sem, no entanto, ser coartado por essa mesma identidade.
Entendemos que as
línguas nacionais, quando utilizadas em regime de exclusividade, acabam por
levantar obstáculos à liberdade de expressão e de comunicação, bem como à
liberdade associativa. Somos um movimento em prol da
emancipação do ser humano.
Obtido em
"http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_de_Praga"
Categoria: Cultura
do Esperanto
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