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Fortaleza, Ceará, Brazil
Professor de Esperanto,Italiano e Português. Revisor de trabalhos acadêmicos: monografias, dissertações e teses. Profesoro pri lingvoj: esperanto, portugala, itala. Reviziisto pri akademiaj verkoj: monografio, disertacio, tezo.

sábado, 31 de dezembro de 2011





    ASPECTOS SEMÂNTICOS DO ESPERANTO

Arcaísmos e Neologismos = A Evolução da Língua.


EVOLUÇÃO – Condição sine-qua-non da vida de uma língua.

Em que aspectos o Esperanto evoluiu e quais fatores contribuíram para essa evolução?

“Quem cria uma língua a tem sob domínio enquanto ela não entra em circulação; mas desde o momento em que ela cumpre sua missão e se torna posse de todos, foge-lhe ao controle. O Esperanto é um ensaio desse gênero; se triunfar, escapará à lei fatal? Passado o primeiro momento, a língua entrará muito provavelmente em sua vida semiológica; transmitir-se-á segundo leis que nada têm de comum com as de sua criação reflexiva, e não se poderá mais retroceder. O homem que pretendesse criar uma língua imutável, que a posteridade deveria aceitar tal qual a recebesse, se assemelharia à galinha que chocou um ovo de pata: a língua criada por ele seria arrastada, quer ele quisesse ou não, pela corrente que abarca todas as línguas” (Saussure, 1990: 91).

Apesar de ser uma língua planejada, o Esperanto evolui seguindo os mesmos processos das línguas naturais; seja despojando-se daquilo que se torna obsoleto – arcaísmos -; seja incorporando novas formas – neologismos -, de modo a acompanhar o progresso mundial, sob todos os aspectos.

“A influência inconsciente de hábitos gramaticais e semânticos muito diversos, conjugados à vontade de compreender-se, conduziu a língua a adaptar-se às necessidades de uma comunicação interpovos. Sua evolução consistiu em grande medida de adaptações mútuas espontâneas, em parte inconscientes”.(Piron, 2002: 190).

‘O ESPERANTO EVOLUI, MAS NÃO EXATAMENTE COMO AS LÍNGUAS NACIONAIS. ISSO É COMPREENSÍVEL, TENDO-SE EM VISTA SUA FUNÇÃO DE INTERLÍNGUA, USADA PELA QUASE TOTALIDADE DE SEUS FALANTES COMO SEGUNDA LÍNGUA. NESSA CONDIÇÃO, O PROCESSO INOVADOR FUNCIONA MENOS INTENSAMENTE, PELA CAUTELA NATURAL DO USUÁRIO E TAMBÉM PELA PREDOMINÂNCIA DO USO ESCRITO, ORATÓRIO, FORMAL, SOBRE AQUELE DE CONVERSAÇÃO DESCONTRAÍDA, DIÁRIA “(PASSINI, 1995: 52)”.

Embora esta língua seja oriunda das mais diversas línguas nacionais, esse processo não se dá aleatoriamente. “Zamenhof compreendia muito bem que sua língua deveria ter a possibilidade de evoluir. Sabia que nenhuma língua pode ser imutável. Língua imutável é língua morta. Mas nas línguas nacionais as mudanças ocorrem baseadas num firme fundamento, ou seja, na estrutura e na gramática que a língua recebeu da História”.

Viu, portanto, que eventuais mudanças no Esperanto não deveriam atingir a estrutura e a gramática. Inovações poderiam coexistir junto às formas velhas até que a prática mostrasse quais delas seriam preferíveis. Por exemplo, alguns reformistas propuseram o plural em {–I }em vez de {–OJ}, mas introduzi-lo seria impossível, porque o morfema {–I} já tinha outro significado “(Auld, 1988:59)”.

          Esta proposta não foi aceita pelo seguinte: “o neologismo tem que responder a uma necessidade, estar de acordo com as regras da língua quanto à combinação de sons e adaptar-se, de algum modo, ao sistema gramatical em questão” (Malmberg, 1976:96). Isso significa que, para manter a harmonia e regularidade do sistema, o novo léxico deve obedecer aos seguintes critérios:

             1º Ser independente;
          2º Ser passível de combinação com outros mais;
          3º Ter apenas um significado;
          4º Não apresentar variantes;
          5º Ter caráter de internacionalidade.

“Zamenhof não só dotou a sua língua de uma estrutura que lhe permitisse evoluir, como deixou também recomendação no tocante à sua maneira como um órgão central deveria conduzir-se, face às mudanças que nela se operariam, por certo” (Passini, 1995:51).

A estrutura da Língua internacional tem suas bases estabelecidas na Obra Fundamento de Esperanto – livro publicado pelo próprio autor em 1905 – que representa “uma espécie de estatuto de estabilidade e permanência que funciona não só como refreador temporário de mudanças, mas principalmente como ponto de referência para a imagem que os falantes constroem da língua”.

A Academia de Esperanto é o Órgão Central que trata dos assuntos relativos à língua. Com sede em Rotterdam- Holanda- é composta de escritores, linguistas e pessoas eminentes, oriundas dos mais diversos países onde a língua é utilizada. Esta academia tem como objetivos:
            Conservar, proteger e controlar a evolução da língua, segundo o Fundamento;
            Criticar obras literárias do ponto de vista linguístico;
            Defender o Esperanto contra toda espécie de concorrência.

OBRAS CONSULTADAS
  1. AULD, William, La Fenomeno Esperanto. Rotterdam: UEA, 1988.
  2. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral, 15ed.São Paulo: Cultrix, 1990.
  3. PASSINI, José. Bilinguismo – Utopia ou Antibabel. 2ª ed. Campinas: Pontes, 1995.
  4. PIRON, Claude. O desafio das línguas. Campinas: Pontes; BEL, 2002.















2 comentários:

  1. Saluton!

    Mia nomo estas Osmar da Silva Alves kaj mi loĝas en Sanpaŭlo, Brazilo.
    Nur unu komenton mi faras pri ĉi tiu belega kaj klariga teksto: kie estas skribite "A estrutura do idioma internacional", estus bone meti "A estrutura da LÍNGUA internacional". Dum unuflanke idiomo dependas de regiona aŭ politika statuso, aliflanke lingvo, same kiel Esperanto ja estas, ligiĝas al tutmonda komunumo, ĝin uzanta kaj evoluiganta ĉiutage.

    Gratulon!

    Osmar

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