ASPECTOS SEMÂNTICOS
DO ESPERANTO
Arcaísmos e Neologismos = A Evolução da Língua.
EVOLUÇÃO
– Condição sine-qua-non da vida de uma língua.
Em
que aspectos o Esperanto evoluiu e quais fatores contribuíram para
essa evolução?
“Quem
cria uma língua a tem sob domínio enquanto ela não entra em
circulação; mas desde o momento em que ela cumpre sua missão e se
torna posse de todos, foge-lhe ao controle. O Esperanto é um ensaio
desse gênero; se triunfar, escapará à lei fatal? Passado o
primeiro momento, a língua entrará muito provavelmente em sua vida
semiológica; transmitir-se-á segundo leis que nada têm de comum
com as de sua criação reflexiva, e não se poderá mais retroceder.
O homem que pretendesse criar uma língua imutável, que a
posteridade deveria aceitar tal qual a recebesse, se assemelharia à
galinha que chocou um ovo de pata: a língua criada por ele seria
arrastada, quer ele quisesse ou não, pela corrente que abarca todas
as línguas” (Saussure, 1990: 91).
Apesar
de ser uma língua planejada, o Esperanto evolui seguindo os mesmos
processos das línguas naturais; seja despojando-se daquilo que se
torna obsoleto – arcaísmos -; seja incorporando novas formas –
neologismos -, de modo a acompanhar o progresso mundial, sob todos os
aspectos.
“A
influência inconsciente de hábitos gramaticais e semânticos muito
diversos, conjugados à vontade de compreender-se, conduziu a língua
a adaptar-se às necessidades de uma comunicação interpovos. Sua
evolução consistiu em grande medida de adaptações mútuas
espontâneas, em parte inconscientes”.(Piron, 2002: 190).
‘O
ESPERANTO EVOLUI, MAS NÃO EXATAMENTE COMO AS LÍNGUAS NACIONAIS.
ISSO É COMPREENSÍVEL, TENDO-SE EM VISTA SUA FUNÇÃO DE
INTERLÍNGUA, USADA PELA QUASE TOTALIDADE DE SEUS FALANTES COMO
SEGUNDA LÍNGUA. NESSA CONDIÇÃO, O PROCESSO INOVADOR FUNCIONA MENOS
INTENSAMENTE, PELA CAUTELA NATURAL DO USUÁRIO E TAMBÉM PELA
PREDOMINÂNCIA DO USO ESCRITO, ORATÓRIO, FORMAL, SOBRE AQUELE DE
CONVERSAÇÃO DESCONTRAÍDA, DIÁRIA “(PASSINI, 1995: 52)”.
Embora
esta língua seja oriunda das mais diversas línguas nacionais, esse
processo não se dá aleatoriamente. “Zamenhof compreendia muito
bem que sua língua deveria ter a possibilidade de evoluir. Sabia que
nenhuma língua pode ser imutável. Língua imutável é língua
morta. Mas nas línguas nacionais as mudanças ocorrem baseadas num
firme fundamento, ou seja, na estrutura e na gramática que a língua
recebeu da História”.
Viu, portanto, que
eventuais mudanças no Esperanto não deveriam atingir a estrutura e
a gramática. Inovações poderiam coexistir junto às formas velhas
até que a prática mostrasse quais delas seriam preferíveis. Por
exemplo, alguns reformistas propuseram o plural em {–I }em vez de
{–OJ}, mas introduzi-lo seria impossível, porque o morfema {–I}
já tinha outro significado “(Auld, 1988:59)”.
Esta proposta não foi
aceita pelo seguinte: “o neologismo tem que responder a uma
necessidade, estar de acordo com as regras da língua quanto à
combinação de sons e adaptar-se, de algum modo, ao sistema
gramatical em questão” (Malmberg, 1976:96). Isso significa
que, para manter a harmonia e regularidade do sistema, o novo léxico
deve obedecer aos seguintes critérios:
1º Ser
independente;
2º
Ser passível de combinação com outros mais;
3º
Ter apenas um significado;
4º
Não apresentar variantes;
5º
Ter caráter de internacionalidade.
“Zamenhof
não só dotou a sua língua de uma estrutura que lhe permitisse
evoluir, como deixou também recomendação no tocante à sua maneira
como um órgão central deveria conduzir-se, face às mudanças que
nela se operariam, por certo” (Passini, 1995:51).
A
estrutura da Língua internacional tem suas bases estabelecidas na
Obra Fundamento de Esperanto – livro publicado
pelo próprio autor em 1905 – que representa “uma espécie de
estatuto de estabilidade e permanência que funciona não só como
refreador temporário de mudanças, mas principalmente como ponto de
referência para a imagem que os falantes constroem da língua”.
A
Academia de Esperanto é o Órgão Central que trata dos
assuntos relativos à língua. Com sede em Rotterdam- Holanda- é
composta de escritores, linguistas e pessoas eminentes, oriundas dos
mais diversos países onde a língua é utilizada. Esta academia tem
como objetivos:
Conservar, proteger e controlar a evolução da língua,
segundo o Fundamento;
Criticar obras literárias do ponto de vista linguístico;
Defender o Esperanto contra toda espécie de concorrência.
OBRAS CONSULTADAS
- AULD, William, La Fenomeno Esperanto. Rotterdam: UEA, 1988.
- SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral, 15ed.São Paulo: Cultrix, 1990.
- PASSINI, José. Bilinguismo – Utopia ou Antibabel. 2ª ed. Campinas: Pontes, 1995.
- PIRON, Claude. O desafio das línguas. Campinas: Pontes; BEL, 2002.
Saluton!
ResponderExcluirMia nomo estas Osmar da Silva Alves kaj mi loĝas en Sanpaŭlo, Brazilo.
Nur unu komenton mi faras pri ĉi tiu belega kaj klariga teksto: kie estas skribite "A estrutura do idioma internacional", estus bone meti "A estrutura da LÍNGUA internacional". Dum unuflanke idiomo dependas de regiona aŭ politika statuso, aliflanke lingvo, same kiel Esperanto ja estas, ligiĝas al tutmonda komunumo, ĝin uzanta kaj evoluiganta ĉiutage.
Gratulon!
Osmar
Koran dankon!
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