CASO – Estudo comparativo
Esperanto/Português
Adelson Sobrinho
DEFINIÇÕES:
CASO = “Categoria
gramatical pela qual a forma de um sintagma nominal varia por razões
gramaticais ou semânticas” (TRASK, p. 51).
“Categoria gramatical
que, mediante flexões, marca as diversas funções sintáticas do
(pro) nome (substantivo ou adjetivo)”. (LUFT, p. 32).
“Os casos são expressos
nas línguas (1 pela posição dos sintagmas relativamente ao verbo; 2 por
preposições(de/a: Pedro vai à praia/ Pedro vem da fazenda) e
(3) por afixos nominais que variam com os nomes”(DUBOIS, p. 100).
Segundo
a II Regra da Gramática do Esperanto, só existem dois casos:
o nominativo, sem marca que o represente morficamente, e
o acusativo. Este é marcado pelo morfema final {-N}; os
demais são expressos por preposições: o genitivo por “de”, o dativo
por “al”, o ablativo por “per”, e os demais através de outras
preposições,conforme o sentido da proposição.
ABLATIVO = “Caso de
declinação das línguas indo-europeias, que expressam propriamente o ponto de
partida, e circunstancialmente usado para exprimir o instrumento, tempo,
maneira” (PIV, p. 3). Também chamado de complemento circunstancial, uma
vez que expressa todos os sintagmas adverbiais. Segundo Kalocsay-Waringhein,
pode ser chamado de prepositivo já que existirão tantos casos,
quantas preposições a língua em estudo apresentar.
(WARINGHIEN, p.62).
ACUSATIVO = Caso representado
pelo sintagma complementar (objeto direto) de verbos
transitivos diretos, de frases que admitem transformação em passiva.
“Único caso em
Esperanto que exige terminação especial – que é sempre {-N} e
que, em princípio, só se usa após substantivos, adjetivos”. (CHAVES, p.29).
Na
língua internacional, o sintagma objeto direto responde às
preguntas KION/KIUN/KIUJN e corresponde aos pronomes
oblíquos MIN/VIN/LIN/ŜIN/ĜIN/SIN/ NIN/VIN/ILIN.
Ex.:
MI VIDAS LA INSTRUISTON.
KIUN MI VIDAS?
VEJO O
PROFESSOR.
(A) QUEM EU VEJO?
LIN MI
VIDAS?
Eu O VEJO.
ŜI AMAS LA
GEPATROJN.
ELA AMA OS PAIS.
KIUJN ŜI AMAS?
(A )QUEM ELA AMA?
ILIN ŜI AMAS.
ELA OS
AMA.
MI
AMAS MIAN PATRINON.
KIUN
MI AMAS?
ŜIN MI AMAS.
QUEM AMO?
AMO-A.
VEJO OS
LIVROS.
MI
VIDAS LA LIBROJN.
VEJO-OS.
ILIN MI VIDAS.
O QUE VEJO?
KION MI VIDAS?
AGENTIVO = Caso oposto ao
nominativo. Marca a função de agente da passiva.
GENITIVO = Caso que
indica pertença/posse. Marca a função de adjunto adnominal.
NOMINATIVO = “Nas línguas
que têm declinação – grega, latim, alemão, etc – é o nome do caso
considerado principal ou básico. Marca sintaticamente as funções de
sujeito ou predicativo do sujeito. Pode-se considerar o nominativo caso reto, em oposição ao
demais que são casos
oblíquos.”
(LUFT, p.134).
VOCATIVO = “Caso que
exprime a interpelação direta por meio de apelativos,
ou seja, termos da língua utilizados na comunicação direta para
interpelar o interlocutor ao qual nos dirigimos, nomeando-o ou indicando as
relações sociais que o falante com ele estabelece”. (DUBOIS, pp. 60/615).
Quadro comparativo Esperanto/Português
CASO
|
FUNÇÃO SINTÁTICA
|
ESPERANTO
|
PORTUGUÊS
|
Nominativo
|
Sujeito/predicativo do sujeito.
Sem marca e sem preposição
|
Petro venis.
Li venis.
Kiu venis?
|
Pedro veio.
Ele veio.
Quem veio?
|
Genitivo
|
Adjunto adnominal, que indica posse, pertinência
Preposição DE
|
La domo de Petro estas
nova.
Lia domo
estas nova.
Kies domo
estas nova?
|
A casa do Pedro é
nova.
A casa dele é nova.
A casa de quem é
nova?
|
Acusativo
|
Objeto direto
Morfema final -N
|
Mi amas PetroN*
Mi amas lin
|
Amo o Pedro.
Amo-o/Amo ele.
|
Dativo
|
Objeto indireto
Preposição AL
|
Mi donis domon al Petro.
Mi donis domon al
li.
Mi donis domon al
kiu?
|
Dei uma casa ao Pedro.
Dei uma casa a ele.
Dei uma casa a quem?
|
Agentivo
|
Agente da passiva
Preposição DE
|
Domo estis aĉetita de Petro.
Domo estis aĉetita de kiu?
Domo estis aĉetita de li.
|
Uma casa foi comprada por
Pedro.
Uma casa foi comprada por
quem?
Uma casa foi comprada por ele.
|
Vocativo
|
Sem função sintática, sem preposição
Sempre intercalado por vírgulas
|
Petro, venu!
|
Pedro, venha!
|
Ablativo
|
Advérbio de lugar. Movimento vindo do exterior de um lugar
Preposição DE
|
Petro venis de Parizo.
Li venis de kie?
Petro venis de tie.
|
Pedro veio de Paris.
Ele veio de
onde?
Pedro veio de lá.
|
Alativo
|
Advérbio de lugar. Movimento para o exterior de um lugar
Prepoição AL
|
Petro iris al Parizo.
|
Pedro foi a Paris.
|
Elativo
|
Advérbio de lugar. Movimento vindo do interior de um lugar
Preposição EL
|
Petro venis el Parizo.
Li venis el
kie?
Petro venis el tie.
|
Pedro veio de Paris.
Ele veio de onde?
Pedro veio de lá(de
dentro).
|
Ilativo
|
Advérbio de lugar. Movimento para o interior de um lugar
Preposição EN
|
Petro iris en ParizoN.
Li iris kieN?
Petro iris tieN.
|
Pedro foi para Paris.
Ele foi para
onde?
Pedro foi pra lá.
|
Locativo
|
Advérbio de lugar.
|
Petro loĝas en Parizo.
Petro loĝas kie?
Li loĝas tie.
|
Pedro mora em Paris.
Pedro mora onde?
Ele mora lá.
|
PETRO
/ PUTO / RANO.
PEDRO/POÇO/RÃ.
1.
PETRO
HAVAS PUTON.
KION Petro havas?
PEDRO TEM UM
POÇO.
O
QUE Pedro
tem?
2.
RANO
SALTIS EN LA PUTON DE PETRO.
UMA RÃ SALTOU NO POÇO DE
PEDRO.
KIEN
rano saltis?
AONDE uma rã saltou?
3. RANO VIVIS EN LA PUTO.
UMA RÃ VIVIA NO POÇO.
KIE rano vivis?
ONDE uma rã vivia?
4.
RANO SALTIS EL LA PUTO.
UMA RÃ SALTOU DO POÇO.
EL KIE saltis rano?
DE ONDE saltou uma rã?
5. PETRO MORTIGIS LA
RANON PER
LA PIEDOJ.
PER KIO Petro
mortigis la ranon?
PEDRO MATOU A RÃ COM OS PÉS.
COM
QUE Pedro matou a rã?
6. LA RANO ESTIS
MORTIGITA DE PETRO.
DE KIU la rano estis
mortigita?
A RÃ FOI MORTA POR PEDRO
POR QUEM a rã foi morta?
NOMINATIVO
|
RANO / PETRO/ PUTO
|
AKUZATIVO
|
PUTON / RANON
|
GENITIVO
|
DE PETRO
|
INSTRUMENTALO
|
PER PIEDOJ
|
AGENTIVO
|
DE PETRO
|
ILATIVO
|
EN LA PUTON
|
ELATIVO
|
EL LA PUTO
|
DATIVO
|
AL PETRO
|
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CÂMARA
JÚNIOR, J. Mattoso. Dicionário de Linguística e gramática: referente à língua
portuguesa. 13ª ed. Petrópolis: Vozes, 1986.
CHAVES,
Sylla. Oportuna Poŝvortaro Esperanta-Portugala. Rio de Janeiro: Eldonejo
Oportuno, 2008.
DUBOIS,
J. Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 1974.
KALOCSAY,
K & WARINGHEIN, Gaston. Plena Analiza Gramatiko de Esperanto.
4ª ed. Rotterdam: UEA, 1979.
_____________________________________.
Plena ilustrita vortaro de Esperanto. Parizo: Sennacieca Asocio Tutmonda.
LUFT,
C.P. Dicionário gramatical da Língua Portuguesa. Porto Alegre: Globo, 1973.
TRASK,
R.L. Dicionário de linguagem e linguística. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2006.
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