Quem sou eu

Minha foto
Fortaleza, Ceará, Brazil
Professor de Esperanto,Italiano e Português. Revisor de trabalhos acadêmicos: monografias, dissertações e teses. Profesoro pri lingvoj: esperanto, portugala, itala. Reviziisto pri akademiaj verkoj: monografio, disertacio, tezo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012



Funções do morfema {ĈU}




Adelson Sobrinho



adelsonsobrinho@bol.com.br

     Embora este morfema tenha maior ocorrência em frases interrogativas simples, seu uso é de múltipla aplicação.

    Ao contrário do que ocorre em Português, a entoação não é traço pertinente em Esperanto.

    Usado num discurso indireto, o advérbio 'ĈU' corresponde à conjunção integrante 'SE', introdutora de orações substantivas da língua portuguesa. Por exemplo:

     Não sei se ela virá.

Mi ne scias ĉu ŝi venos.

     Para uma maior compreensão, poderemos dividir o período complexo em duas frases simples, a saber:

Ela virá? Não sei.

Ĉu ŝi venos? Mi ne scias.

    Portanto, mesmo que no discurso escrito simples não conste o sinal (?), o leitor esperantista saberá que se trata de uma frase interrogativa.

Veja se seus irmãos chegaram.

Vidu ĉu viaj gefratoj alvenis.

    Comparem-se:

• Ela afirmou que há um banheiro no centro da cidade.

• Ŝi asertis ke estas necesejo en la centro de la urbo.

• Ela perguntou se há um banheiro no centro da cidade

• Ŝi demandis ĉu estas necesejo en la centro de la urbo.

    Segundo Passini (1995, p. 149), Zamenhof, sabedor da impossibilidade de se criar e transmitir aos usuários do mundo todo uma entoação interrogativa universal, criou a partícula 'ĈU' [Ču], marca obrigatória de todas as orações que já não tenham uma palavra interrogativa.

    Cada língua marca a interrogativa à sua maneira. Vejamos o correspondente nas línguas nacionais modernas:

ESPANHOL:    ¿usted habla Esperanto?

ESPERANTO:   Ĉu vi parolas Esperanton?*

     FRANCÊS:   Est-ce que vous parlez Esperanto?

        INGLÊS:   Do you speak Esperanto?

ITALIANO:      Lei parla l'Esperanto?

PORTUGUÊS:  Você fala Esperanto?

RUSSO:             Pravdy-li Esperanto?

*O morfema/-n/que aparece no final da frase é marca do objeto direto

       A propósito, leiamos o que nos diz o mestre Macambira (1998, p. 204):

    “Além do est-ce que francês, do ê, ára grego, do ne /num latino, lembramos o -li russo, o Ĉu do Esperanto e o -pa do guarani, usados igualmente para expandir a interrogativa direta total como advérbios interrogativos”.

    A propósito de Zamenhof ter criado a forma ĈU, o linguista John Wells, no livro Lingvistikaj Aspektoj de Esperanto, (1978, p. 79), menciona que na língua Quéchua este morfema é formalmente idêntico com o do Esperanto. Todavia não é uma partícula, mas um sufixo. Por exemplo: Hwanito hanusam (afirmativa); Joãozinho vem; Joĉjo venas; Hwanito hanusamĉu? (Será que) Joãozinho vem? Ĉu Joĉjo venas?

Bibliografia consultada

1. MACAMBIRA, José Rebouças. Português Estrutural. 4.ed. São Paulo: Pioneira, 1998.

2. PASSINI, José. Bilinguísmo: utopia ou antibabel? Campinas: Pontes, 1995.

3. WELLS, J. C. Lingvistikaj Aspektoj de Esperanto. Rotterdam: UEA, 1978.


 


 


 


 




Nenhum comentário:

Postar um comentário