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Fortaleza, Ceará, Brazil
Professor de Esperanto,Italiano e Português. Revisor de trabalhos acadêmicos: monografias, dissertações e teses. Profesoro pri lingvoj: esperanto, portugala, itala. Reviziisto pri akademiaj verkoj: monografio, disertacio, tezo.

quinta-feira, 7 de junho de 2012




FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS QUE OUTORGAM AO ESPERANTO O TÍTULO DE VERDADEIRAMENTE INTERNACIONAL

Adelson Sobrinho

‘Por ke lingvo estu internacia, ne sufiĉas nomi ĝin tia”(Zamenhof)
          ‘“Para que uma língua seja internacional, não basta denominá-la como tal”

“Uma língua internacional artificial, bem construída, é muito mais fácil de aprender que quaisquer línguas nacionais, aguça a perspicácia do indivíduo na estrutura lógica da expressão, de uma maneira por que nenhuma destas outras faz, e põe o indivíduo na posse de uma grande soma de material léxico, que poderá ser útil na análise da própria língua do falante e na maioria das outras que ele possa necessitar aprender” (SAPIR: 159).

Abaixo listamos os fatores endógenos (linguísticos) e exógenos (político-social, psicológico e econômico) do Esperanto.

Fatores intrínsecos

1.       
Internacionalidade léxica – léxico tomado às mais díspares línguas, numa proporção de 60% do latim, 30% das línguas neolatinas e de 10% das eslavas. Zamenhof selecionou os radicais mais semelhantes e ocorrentes nas línguas nacionais. Sem essa convenção, a nova língua não evoluiria e estaria fadada ao desaparecimento, como aconteceu com os demais projetos que a antecederam.

“O vocabulário de uma língua internacional não poderá ser arbitrariamente inventado, mas deve infalivelmente constar de palavras latino-germânicas em sua forma mais comumente empregada”.
 ...”Existe um número imenso de palavras estrangeiras que são usadas igualmente em todas as línguas e que todos conhecem sem precisar aprendê-las; deixar de empregar tais palavras seria completo absurdo; o vocabulário todo tem de estar em harmonia com elas, senão a língua ficaria selvagem, a cada passo se dariam entrechoques de elementos e ficaria dificultado o enriquecimento regular e incessante do idioma” (Zamenhof, 1988:95).

2.      Regularidade gramatical- língua paradigmática. Gramática otimizada, composta de apenas 16 regras básicas. Nesta língua não existe o elemento restrição: o que vale para um item gramatical é aplicável a todos os demais, sem exceções.

3.      Imutabilidade morfemática- ausência de alomorfia nos formantes das palavras, o que torna o sistema morfológico plenamente produtivo, econômico e facilmente analisável.

4.      Alfabeto fonêmico – Sistema simétrico plenamente regular, composto de 28 sons correspondentes a 28 letras, na razão de 1:1, ou seja, a cada fonema corresponde um, e somente um grafema.






5.      Sistema de afixação regular – Cada afixo tem um sentido claro e bem definido, o que possibilita ao usuário a derivação de palavras sem a necessidade de aprendê-las à parte.
De 573 morfemas, formam-se, por exemplo, 2840 palavras, todas advindas de um mesmo radical.

6.      Concisão – possibilita ao usuário expressar o máximo com o mínimo de recursos de que dispõe.

7.      Simplicidade prosódica – língua de acento fixo, em que o ícto (acento tônico) cai sempre na penúltima sílaba, o que facilita sobremodo a pronúncia.
“Depois de um quarto de hora de estudo (isto é, o simples conhecimento do alfabeto), pode-se tomar nela um ditado, enquanto em uma língua natural isso só se consegue após anos de trabalho difícil e enfadonho” (ZAMENHOF: 1983, 55).

8.      Plena flexibilidade – tipologia sintática semelhante às mais diversas línguas modernas, o que lhe permite traduzir obras das mais díspares culturas.










9.      Relativa facilidade de aquisição – A ideia de Zamenhof era elaborar um fundamento linguístico internacional que pudesse ser aprendido em pouco tempo e com pouco esforço por todos os povos. Para tanto, o Esperanto foi planejado de forma que cada elemento de sua estrutura se coadune morfossintaticamente com os demais. Esses elementos se relacionam formando um conjunto composto de partes coerentes e coesas, como num jogo de quebra-cabeças em que o todo só tem sentido se, e somente se, as partes estiverem bem concatenadas.




Fatores extrínsecos

1. Máxima internacionalidade – única língua cujo primeiro e principal papel é o uso internacional. Condição primeira para que uma língua possa desempenhar o papel de internacional.

“Uma língua nacional, por mais difundida que seja, sempre estará a serviço dos interesses da nação que a possui, conferindo superioridade aos nativos e, por isso mesmo, contrariando os sentimentos de justiça e fraternidade que devem prevalecer nas relações entre indivíduos e povos. O Esperanto, ao contrário, sendo propriedade de uma coletividade internacional que o sente como sua língua, consagra e fortalece tais princípios.” (SOARES, 1995, p.24).



2. Universalismo - base fundamental neutra nos princípios de fraternidade, igualdade e justiça recíprocos entre os povos.

3. Neutralidade política – condição primeira para o desempenho de interlíngua. Este aspecto só o Esperanto possui, porque pertence a todas as nações, sem pertencer particularmente a nenhuma. “O acatamento geral a uma forma de expressão que não se identifica com nenhuma unidade nacional, provavelmente há de ser um dos mais poderosos símbolos da liberdade do espírito humano que o mundo jamais conheceu” (SAPIR, 1969: 157).

4. Cultura transnacional – Enquanto uma cultura nacional enfatiza as idiossincrasias de uma determinada nação, a cultura esperantista coloca em destaque tudo o que há de comum entre os povos, sem distinção de raça, credo, partido político, posição social etc. Essa cultura se baseia nos aspectos universais humanos, ou seja, em tudo o que coloca os homens em pé de igualdade. Não se impondo à vida interna dos povos, propõe EQUANIMIDADE entre os idiomas. Sua divisa é ‘PARA CADA POVO, SEU IDIOMA; PARA TODOS OS POVOS, ESPERANTO”.




























OBRAS CONSULTADAS:
1.      SAPIR, Edward. Linguística como ciência. Rio de Janeiro: Livraria acadêmica, 1969.
2.      SOARES, Afonso. Esperanto – Síntese de longo processo evolutivo. Artigo. Revista Reformador, janeiro, 1995, p.24.
3.      ZAMENHOF, L.L. Essência e Futuro da Ideia de uma Língua Internacional. Rio de Janeiro: Zamenhof Editores, 1988.
4.      __________. Esenco kaj estonteco de la ideo de lingvo internacia. Svedio: INKO, 2000.




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